Violência Política na Baixada Fluminense e Baía da Ilha Grande:

O que vimos no contexto das eleições de 2022 e no processo de transição de governo evidencia algo que nossos estudos têm buscado analisar sistematicamente: a centralidade da violência na política brasileira. Na véspera do segundo turno, a deputada federal Carla Zambelli sacou uma arma nas ruas de São Paulo e perseguiu um homem negro desarmado que, pouco antes, havia travado uma discussão política com ela. Antes disso, ainda durante a campanha de primeiro turno, Marcelo Arruda, militante petista, foi morto a tiros por um policial penal federal bolsonarista durante sua festa de aniversário. No dia do segundo turno, circularam notícias de que a Polícia Rodoviária Federal havia sido mobilizada para impedir que eleitores chegassem a seus locais de votação em áreas nas quais a preferência eleitoral pendia para o candidato Lula. Eleito o novo governo, ataques violentos buscaram parar Brasília no dia da diplomação da chapa vencedora, em 12 de dezembro de 2022, com queima de veículos e invasão à sede da Polícia Federal. Logo em seguida ao término das eleições, houve fechamento de estradas e rodovias em todo o Brasil e militantes de extrema-direita acamparam na frente de quartéis pedindo intervenção militar por não aceitarem o resultado. Na véspera de Natal, um plano que, por sorte, falhou pretendia explodir uma bomba no aeroporto de Brasília. Os autores e executores do plano faziam parte do mesmo movimento golpista dos que fecharam estradas e acamparam em portas de quartéis. No dia 8 de janeiro de 2023, golpistas vindos de todos os cantos do país se somaram aos acampados nos quartéis e invadiram e depredaram as sedes dos três poderes na capital federal, em uma tentativa de golpe e tomada do poder pela força, esperando que os militares interviessem e assumissem o poder.